domingo, 1 de março de 2009

Mulherzinha


Eu não me conformava, ela conta, rindo, eu tentei te persuadir, te perguntei dezenas de vezes se você tinha certeza de que era isso mesmo que queria, e você respondia que sim, sim, mãe, é isso. Bom, o caso não era grave. Depois de meses deixando a franja crescer, acordei com vontade de ter franja de novo. E de cortar o cabelo bem curtinho. Acho que era o dia do meu aniversário de 9 anos, comemorado na garagem da querida casa situada na rua do poeta português. O Fike, nosso cão boxer, não parava de latir e a Bia ainda era um bebê loiro gorducho que dançava e sorria toda vez que alguém cantava "digue digue dom digue dom dom dom..." (ela cresceu e virou um mulherão, mas continua não gostando de beijos e grudes).

A vida toda foi assim: nunca tive medo de cortar o cabelo. Uma vez ficou terrível, curto demais para as ondulações e provavelmente ousado demais para a tímida garota. "Está parecendo uma maneca!", disse a cabeleireira. Ganhei um apelido na escola. Cogumelo. Uma foto 3x4, que já quase joguei fora umas milhões de vezes ― mas recuo porque acho a maior graça ― comprova o estrago. A verdade é que passei por isso sem grandes traumas.

Não me lembro de ficar horas e horas no banheiro secando o cabelo ou de andar escondida pelos cantos, chorosa. Também não jurei que jamais usaria o cabelo curto de novo, já fiz isso um bocado de vezes. E ainda bem que eu cortei franjinha aquela vez porque deve ter sido a última.

Só para minhas barbies, coitadas, é que os cortes foram definitivos (mas a Bia deu uma ajeitada nelas e então formaram-se lindas famílias de blond barbies super ultra radicais).

Foto: Furtada do blog da Lolita, uma indicação da Tata

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