terça-feira, 21 de setembro de 2010

o lobo


Estávamos no meio do mato, sentados de perna-de-índio em uma tenda. Fazia muito calor porque dentro dela havia um buraco e dentro desse buraco eram colocadas pedras quentes. Retiradas incandescentes da fogueira em frente à tenda, brilhantes como olharzinho de criança. Uma mulher derramava um balde cheio de água com ervas por cima das pedras, então dentro da tenda formava-se uma espécie de sauna muito cheirosa. Por que aquelas pessoas estavam presas ali? Todas cantavam muito alto e pareciam felizes, embora às vezes chorassem. Foi quando de repente se fez um silêncio digno da cor branca e, estando a porta da tenda semi-aberta, se ouviu um garotinho lá fora dizendo justamente o que a mulher precisava ouvir: "Eu não tenho medo do lobo, sabe por quê? Porque ele é desse tamaninho aqui, ó". O lobo, menina morena da pele preta, é do tamanho que a gente quiser.

Foto: mademoiselle Piuí

2 comentários:

Renata Rodrigues disse...

bastou dirigir alguns quilômetros, chegar em um lugar calmo, no meio do mato, e, de repente, parece que tudo passou a acontecer no tempo certo. ou pelo menos a gente percebeu que esse é o tempo certo. como num passe de mágica. e aí lá a gente escuta exatamente o que precisava, sente o que faltava, encontra o que procurava. fim de semana especial. completamente especial. obrigada, nanilda.

nana tucci disse...

it was my pleasure, rrrenata rrrrodrigues, doce renata!