segunda-feira, 2 de maio de 2011

nécessaires


Só tirava o café o cliente estando na frente, não no banheiro ou buscando jornal na esquina. Não suportava a ideia de servir café morno.

Comprou linhaça porque a médica patricinha disse que é bom, mas nunca teve coragem de abrir o saco de alpistes.

Mãe, o que é expectativa? É a mãe não te responder essa pergunta.

Afagar bebê como se fosse gato. Acho que a gente acostuma rápido com tudo.

É melhor entender metade do que entender tudo sem poesia.

A rotina: levantar, sentar na cama, fazer o café, passar manteiga no pão, igual aqui ou no banlieu.

A rotina é muito melhor se a sala é meio nublada; o sol é invasivo.

A terapeuta ia ficar orgulhosa de mim, "não importa o formato o tamanho do vaso, mas as flores precisam de um vaso"

E, ontem ainda, aquela menina.

A gata com olhos espantados de gata de rua e o amigo riu quando ele disse que a gata tinha verme porque queria comida de gente

"espanta esse demônio!"

É isso que fica, um conto do Wander Piroli, o comentário espirituoso do amigo, um "amor você não sabe" mais alegre, uma xícara de café realmente boa, um filme delicado do François Ozon

Os filhos em casa, os pais no mundo

Deitar a cabeça no travesseiro e sentir confiança na vida em vez de medo
(e não porque tudo está perfeito mas porque você não pode contra)

Não preciso de certezas cruas, não quero mais ansiolíticos, posso esperar a mixirica ficar doce de novo

Eu sou aquela mulher no fusca verde. Ouvindo Cat Power

*Desenho: Helena

Um comentário:

Dona nº 2 disse...

À paulista da gema e mineira de alma:

Ei, Giovanna! Tudo bem com vc?

Fico um tempo sem ler seu blog e quando volto, continuo a me emocionar com essas coisas simples e ricas que escreve. E essa referência ao Wander Piroli? Mais um escritor "minerim" que descubro nas suas preferências - depois da D. Adélia e do Sr. Rosa, né?

Um beijo pra vc, lindinha!

Elemara Duarte