segunda-feira, 27 de junho de 2011

arnaldo


Arnaldo Baptista postou no Twitter "eu sou feliz" e linkou essa ilustração.

*copyright Arnaldo Baptista. Todos os direitos reservados.

presente


Pesquiso 'João Guimarães Rosa' na caixa de e-mail e acho uma conversa com a Pó, em agosto de 2008, dois meses antes de estrear o blog

"eu: o que vc acha de um blog chamado Calunga Cor-de-rosa?"

cada coisa no seu tempo, cada chuva no seu céu, cada fruta no seu pé. às vezes leva dois meses, às vezes um dia, às vezes três anos

e por hoje é só, que doce a gente come de pouquinho

tô lenta aqui, mas it's alright

sexta-feira, 17 de junho de 2011

melado de cana com farinha


É amor verde.
Tá crescendo no pé, deixa a gente tomado por aquela alegriazinha de ver o rosa do limão lá de longe, da varanda da casa.
Amor verde, músicas desconhecidas e improváveis com as mesmas velhas notas.
Rapaz tocando viola caipira lá no fundo do restaurante gaúcho, e você sozinha comendo abóbora camarelada com arroz e feijão completamente excitada. Amor novo é solitário, pode-se viver um amor novo ao mesmo tempo, mas nunca junto.
Montes de borboletas juntas saindo pelos olhos, amor verde é avó, uma bemquerença de vó que te invade e faz você achar o mundo certo só porque às 20h30 nós chegamos e ela vai estar lá, com os olhos vermelhos de quem acabou de acordar.
Cheiro seu pescoço cheirando a nenê, beijo sua barriga com pelos curtos de gata borralheira e deixo que me faça carinho no rosto mesmo que em algum dia venha a me machucar com suas unhas afiadas.
Em segredo, às vezes lasco um pedaço de queijo meia-cura e te observo comê-lo com prazer e gula comedida.
Faz um movimento esquisito e absolutamente charmoso quando, durante a brincadeira de esconde-esconde, nós nos aproximamos.
Tem rinite e sabe-se lá por que, levanta-se do pé da cama e sempre vem espirrar perto de nossos rostos.
Antes de beber água, afunda a patinha e dá uma lambida nela, como se cheirasse a taça de vinho.
E quando três dias depois você conseguiu devidamente eliminar a fitinha do Bonfim roxa que comeu, chorei de alívio, alegria e raiva por Ó céus quanta preocupação. Essa parte da alegria eu não sabia.
Amor verde consegue ser doce, cremoso e vermelho. Porque é novo, e o que é novo pode tudo.
(graças a deus existem máquinas de lavar, banhos de mar, cachoeiras, tendas a vapor e abraços)
Amor destamanhado, amor novo é um desafio aos físicos, ache um recipiente aqui, em Roses ou em Marte que o comporte.
Amor novo não tem tamanho nem quantidade muito menos nome e, com esses olhinhos, precisa?
Mas tem gosto, e eu diria que hoje está pra leite condensado com nescau, pra citar uma guloseima burguesa, ou melado de cana com farinha, que esse é o certo, e esse post não podia chamar diferente.
Piuí-Abacaxi, nossa mais que amada.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

As Pontes de Torres


Era noite, dormia no salãozinho e me deu vontade de buscar alguma coisa dentro de casa. Mas a escuridão não me impediu de atravessar o jardim escuro e fui andando sorrindo com os braços erguidos, tateando o ar para evitar esbarrões. E cheguei. Acordei feliz, é raro não sentir medo em sonhos (quantas vezes não inconscientemente me tranquei no banheiro daquele mesmo salãozinho, afungentada por cachorros invocados). Mas nesse sonho, não, não pensei duas vezes e atravessei. Em fevereiro, atravessei a ponte pênsil que interliga os litorais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e atravessei a fronteira dos 20 e poucos para os 20-e-bem-feitos. Aí fiz uma mistura boa (tipo a de ontem na panela, queijo brie, shiitake, manteiga e uma pimenta do reino que não deveria estar ali e foi perfeita). Pensei um sonho é impreciso e desconfiado como uma ponte pênsil, que é sustentada por cabos e tirantes, mas faz o diabo, faz a gente atravessar em segundos estados imaginários.

Ilustra: Linn Olosfsdotter