terça-feira, 10 de janeiro de 2012

caminhada compartilhada


- Daqui a uns 5 anos vou ter que pintar o cabelo.
- Em 5 anos? Você não tá bem hoje?
- Sim, mas só tô falando que daqui a 5 anos...Você acha que eu planejo muito o futuro?
- Não, mas você se preocupa muito.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

2011 e começo de doze


Você não vai ter tempo suficiente
Você vai assistir vídeos idiotas e ouvir músicas lindas quando deveria estar trabalhando
Você não conseguirá dedicar tanto tempo a sua avó como gostaria
Você não vai poder comer todos os doces que deseja
Você jamais vai deixar de raspar a panela de brigadeiro com a colher de pau
Você vai sentir mais ansiedade do que prometeu que sentiria
Você não vai deixar de ter dores de cabeça de vez em quando
Você não vai parar de ver novela das 9
Você não vai descansar mais e trabalhar menos
Você não vai gastar seu dinheiro com critério e responsabilidade
Você não vai conseguir apertar menos sua gata
Talvez você finalmente perca aqueles quilos a mais
Talvez seu cabelo finalmente chegue no desejado comprimento bastante longo
Talvez você escreva aquele projeto sobre os festivais de comida
Talvez você cuide melhor de papéis importantes
Talvez você consiga sobrecarregá-lo menos com os pepinos da casa
Talvez você plante uma árvore
Talvez perca menos tempo em redes sociais
Talvez você vá para a Bahia às vésperas do seu aniversário
Você vai fazer 26 anos na terça de Carnaval.


2011 foi o ano de experimentar e descobrir que a vida é circular, que tem coisas que não servem mais e tem coisas que servem mas de vez em quando.
Foi o ano de casar como se de vestido branco de florzinha de Minas presente de mãe;
de virar mãe apaixonada da gata Abacaxi;
de comprar um fusca verde anos 80;
aprender a fazer pudim, biscoito e bolo;
de inesperadamente conhecer a mítica Jerusalém, e chorar de alegria ouvindo Roberto Carlos, quase pegando uma rosa;
realizar a vontade de flanar com ele na Praia do Patacho;
dançar muito e sem a menor vergonha That's the Way (I like it) e um hit atrás do outro do KC & The Sunshine Band, eu nos anos 90 ele nos anos 70, fucking great!
de descobrir um esporte que se pratica com algum prazer;
continuar amando Cat Power, Lulina e Au Revoir Simone;
trocar a Nikon pela câmera do iPhone;
abandonar o cigarro;
esperar, com paciência e irritação, cinco meses até a franja crescer;
ter uma conversa de mulher para mulher com a irmã caçula;
tomar mais água e continuar tomando coca-cola.
No finzinho dele, assim última mordida, consegui achar um jeito novo de encarar a questão que é e sempre foi a principal, e junto veio de presente uma nova e admirável amiga e a renovação de uma velha e admirável amizade.
Pela primeira vez, eu passei um réveillon na minha casa, sem fazer pedido nenhum
Acho que os caminhos mudam tanto que os pedidos param de aparecer organizados no último dia do ano e passam a nos pegar desprevenidos mergulhando no rio em Cambury, dentro de um ônibus na Lapa em um dia chuvoso de novembro, na porta de casa em uma manhã qualquer durante o beijo de despedida, e isto basta.
2011 foi o ano mais desplanejado da minha vida, comecei sem saber onde ia dar, e deu num espaço de paz, conforto e liberdade, de onde eu não quero mais sair
Eu desejo apenas que 2012 termine como ele começou: que se a vida chamasse, eu iria morar na Bahia, na Louisiana, numa fazenda no Paraná ou em Paris.
como na música do Arnaldo Antunes: "sujar o pé de areia pra depois lavar na água. Lavar o pé na água pra depois sujar de areia (...), Caminhar. Se chover, tomar chuva. Não esperar nada acontecer"

É só o começo
Viva!

*foto tirada no dia 23 de dezembro na lanchonete Madureira, no Itaim Bibi. A menina do canto esquerdo me pediu dinheiro, eu não tinha, pediu para pagar um pedaço de bolo, eu não teria dinheiro no cartão mas, por uma dessas sortes, um pouco ainda tinha.

*em 2011 eu escrevi minha retrospectiva nessa mesma primeira sexta-feira, o que me faz concluir que estou inventando uma nova tradição pessoal de terminar os anos uma semana depois do que realmente terminam


Feliz 2012!