domingo, 20 de janeiro de 2013

juno em janeiro

Estou viciada em full soundracks clichês. Ainda que soe irrelevante postar, quero que morem aqui. Acho que depois de um tempo de curtas temporadas estou querendo uma trilha longa.




quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

insight the panela


Não me pergunte por que, mas neste momento eu tenho certeza que o sentido da vida está em tirar o macarrão que grudou no fundo da panela.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

obrigada, sonhadora


Simplesmente parei tudo de importante que tava fazendo e me demorei sorrateiramente na arte e poesia do Eu me Chamo Antônio. Tudo por causa de um comentário.



*Culpa da Rêveur.
(Amélie Poulain também é ligeiramente culpada). 

caso você também esteja precisando de 1 h de Amélie




terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dicas para um bolo imperfeito


- Lavar a batedeira, as xícaras e as várias tigelas e colheres que se usam para fazer um bolo é infinitamente mais rápido do que lavar a louça do almoço. É um mistério.

- Nunca haverá espaço suficiente para acomodar todos os utensílios que serão usados  para fazer o bolo  porque você pode ter uma cozinha cenográfica mas vai se apegar a um determinado cantinho e ficará tudo acumulado ali.  Bolo é sinônimo de bagunça.

- Por mais cuidadoso que você seja, sempre haverá vestígios de farinha pela cozinha, desista. Cozinha boa é cozinha suja.

- O melhor jeito de diminuir a ansiedade para tirar o bandido do forno é achar alguma coisa para fazer enquanto ele assa.

- Mas nunca, nunca abandone seu bolo nos primeiros 20 minutos de forno. São os primeiros sete anos de vida de uma criança! Eu costumo não sair da cozinha antes de completados 20 minutos.

- Se uma receita deu certo, não faça como eu e fique testando outras loucamente, fique com ela e seja feliz. É o que pretendo fazer depois que essa fase passar.

Às vezes seu marido vai achar que você enlouqueceu (ele vai esquecer depois da primeira garfada).

- Não conte a sua avó que você anda fazendo esses testes, ela vai achar um absurdo. Avós, de maneira geral, nunca aprenderam a fazer bolo e nem imaginam como esse processo é trabalhoso, já nasceram sabendo.

- Você vai cometer todos os erros possíveis. Em algumas ocasiões vai até identificar que está errando no ato, mesmo assim vai até o fim. O negócio é que provocar a massa, diminuir a canela, peneirar hoje amanhã não, açúcar cristal em vez de refinado, ovos meio gelados, sem esse exercício de liberdade, irresponsabilidade e teimosia não se formam boleiros péssimos, ótimos nem medíocres.

- Não se contente com um bolo medíocre. Pra mim tem sido assim: em média é preciso fazer a mesma receita quatro vezes para chegar ao resultado desejado.

- Piores catástrofes: 1 - errar o bolo de banana na véspera e no dia do aniversário dele; 2 - assar o bolo da festa dele junto com os pés do novo fogão;  3 - perceber que o bolo de laranja está crescendo além da forma, tentar tirar o excesso com uma colherzinha enquanto o bolo assa e ainda assim deixar metade do bolo de laranja grudado no forno. Colocar o bolo no forno sem fermento, esquecer o óleo, exagerar na cenoura, esquecer o açúcar, não lembrar se já colocou duas xícaras de farinha ou só uma....

- As grandes vitórias guardo comigo como ingredientes secretos que me acompanham a cada nova mistura. 

- Se a sua gata se aproximar de você durante a feitura é um ótimo sinal. A Abacaxi é minha crítica mais honesta.


- Todas as etapas são prazerosas, mas de tudo o que mais me alegra é a hora de acrescentar a farinha. E mexer...

- Aprendi que relaxar é diferente de se distrair. Relaxar fazendo bolos é permitido, se distrair jamais.

- Antes de colocar um bolo no forno, na hora em que abro o fogão e vem aquele calorzão, eu paro um instante, olho pro bolo e lhe desejo “boa sorte”. Porque todo bolo é uma aventura, mesmo que você já saiba a receita de cor, use ovos na temperatura ambiente, peneire os ingredientes secos, possua um belo forno e tenha um fermento estalando de novo.

- Viver é perigoso, fazer bolos também é. Mas não há erro, sujeira ou tempo perdido que não tenha deixado a casa cheirosa e a forma cheia.



Nota: Devo esse post a um homem que, por amar muito bolo quente de manhã, fez nascer em mim a vontade de aprender a fazer um. 
E a uma  grande cozinheira que tem sido para mim nada menos que a Árvore Generosa.


foto: meu quarto bolo de cenoura, feito hoje



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

d. Vera da João Tibiriçá


O Salmo 23 apregoa: o Senhor é o meu pastor, nada me faltará.
Eu conheci a dona Vera na última sexta-feira, quando caminhava até a casa de uma amiga que mora na João Tibiriçá, na City Lapa.
Eu sempre me atraso quando vou à casa dela porque esqueço que o trem é mais vagaroso que o metrô.
Mas, naquele dia, decidi sair uma hora antes, o que permitiu que eu me demorasse muitos minutos com a dona Vera.
Foi ela quem me chamou, com a pergunta: "Você acha que tudo bem eu pendurar um varal nessa praça da frente?". Eu acho que sim, respondi. Foi como dar corda numa caixinha de música: ela começou a falar sem parar sem nenhuma parada para reabastecimento de fôlego.
Não consegui compreender as histórias, ela mesma sabia que estava misturando ingredientes demais ao mesmo tempo, mas não conseguia diminuir a velocidade da batedeira. "Eu estou com a fala enrolada", observou mais de uma vez.
Disse algo sobre ter sido expulsa da casa do patrão, no número 2006 daquela rua; esbravejou contra Kassab, "que me tirou tudo, casa, roupa, sapato, e esse novo prefeito também"; falou sobre os vizinhos, uma tal senhora negra com uma "bunda desse tamanho" que não quis namorar um cara porque ele era magrelo demais, preferiu um homem negro que também tinha uma bunda enorme, não adiantava que lhe falasse que "o magro é bonito como Jesus na cruz".
"Eu tenho 65 anos, mas estou com cara de 85", afirmou. Eu tirei da bolsa uma nécessaire e lhe dei um blush. "Passe nas bochechas e se sentirá mais bonita". Ela aceitou sem ligar muito e pediu que eu lhe desse meu espelho.
D. Vera mora na João Tibiriçá há dois meses, em frente a uma casa bem perto da estação de trem Domingos de Moraes. Teria sido expulsa da casa da irmã por um "sobrinho maconheiro".
Quando eu pedi para fazer seu retrato, fechou os olhos, esperando o flash.
Quis sair segurando o pacote de bolacha que uma senhora lhe deu.
Quis ver a foto e fazer outra porque o avental tinha saído meio torto.
Me mostrou a saia que usava por debaixo da saia, comprada certa vez por R$ 15.
"Você tem filha mulher? Não? Quando tiver, vem aqui que eu faço uma roupa pra ela".
Na volta, caminhando com o Tiaguinho do outro lado da rua de volta até a estação, é possível que tenha passado por ela sem perceber, mas não a encontrei. Poderia ter sido tudo fruto da minha imaginação não fosse a confirmação da Neide de que sim, há uma senhora morando há meses por lá. Teria então d. Vera sido naquela exata amanhã expulsa dali?
Só agora aumentando a foto é que vi, lá atrás na barraca improvisada ela pendurou um papel com o Salmo 23, uma das orações mais poderosas para afastar perigos e perseguições. Como você adivinhou, d. Vera?
Eu dei a ela um espelho e ganhei um espelho.






segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

2012

Em 2012 eu...



Vi um tatu pegando onda na Bahia
Descobri que sou uma bailarina. Lenta, com um braço torto, andeor e feliz, sou uma bailarina.
Sobrevoei São Paulo de helicóptero 
Não aprendi a falar muitas palavras em francês, mas assinei uma reportagem em francês, sobre helicópteros
Abracei o Bob Dylan em Copacabana
Fui pra Paraty três vezes
Vi um show espetacular do Roy Rogers no Centro Histórico de Paraty
Tomei caldinho de turu e comi filé com queijo de búfala na Ilha do Marajó, andei numa charrete puxada por um búfalo com a Pó e a Fê derretendo de calor e felicidade, numa praia deserta
Não desgrudei da Pó, ela acha que está no México mas nunca saiu daqui 
Num bar fodido maravilhoso de Belém entendi da maneira mais dura possível a cabeça do homem do Norte
Em setembro silenciei para em outubro ganhar de presente uma viagem surpresa ao Outono em Nova York
Foi um lindo passeio a dois: Central Park, High Line Park, Bel Borba's Park....
Virei uma cidadã italiana
Trouxe uma gata da favela do Rio no escuro, sem saber se era doce, se mansa, se tinha boa saúde, se teria sintonia com a Abacaxi. Jovelina encheu a casa de broto de alegria e chegou para nos mostrar que o caminho é mesmo e só este, confiar.
Pintamos uma parede da sala de salmão e reformamos a velha leiteira, que virou enfim porta guarda-chuva
Emagreci
Organizei uma festa improvisada para 50 pessoas e aprendi o valor do planejamento
Nessa festa, assei pés de fogão (não sei que gosto têm, não os comi nem servi)
Dancei a dança do sabão da banda Orgulho Caipira com meu amor, meus pais, a Aninha e a Jé
Fritei formigas içás para uma cambada de gente
Acompanhei o raro espetáculo de caça às formigas içás em Lagoinha
Tive paciência e não cortei o cabelo
Pintei o cabelo
Descobri que meu cabelo, por motivos genéticos, nunca vai chegar ao comprimento bastante longo
Descobri que existem obsessões boas: as músicas 6 e 7 do CD do Bob Womack, por exemplo
Ah sim, e bolos. Fiz muitos bolos. A forma ficou com cheiro de fubá, banana, laranja, limão, chocolate, coco
Identifiquei e aprendi com cada obsessão do tipo ruim
Não parei de tomar coca-cola, mas desse ano não passa.
Também pretendo assistir Bagdá Café (foto), o Matheus e a Verônica me deixaram na fissura
Estive mais com minha avó
Passei três meses com um celular sem câmera fotográfica e internet
Ouvi muito o velho CD do Rei do Gado
Não estou viciada na atual novela das 9
Plantei junto com ele uma goiabeira, canas de açúcar e palmeiras reais
Em dezembro, consegui realizar a meta anual de trabalhar menos e descansar mais
Mesmo assim, como disse o Jota,
nenhuma manhã de ontem foi mais gloriosa do que a de agora há pouco



sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Dezessete coisas mais uma


De tudo, restam agora:

O sorriso e a fina ironia da vendedora da loja onde compramos almofadas de chita em forma de flor
A receptividade suada do dono da Estalagem Colonial
As casas em miniatura que garimpamos em Paraty no último segundo
A pantera preta guarani que virou a nova guardiã da casa.
A Jovelina dormindo com a cabeça para fora do banquinho, depois da vacina
O cachorro gordo, fofo e cheiroso que fez cocô na porta da loja.
O anel lilás com alma maia presente da irmã que foi passear pelas bandas de Tijuana 
O tombo mais suave que já levei, na rua mais pedregosa em que já caminhei.
A garoa que anestesia São Paulo na primeira semana de janeiro
Quem diz tenho tantos Janeiros em vez de Anos
Barulho de flecha furando o ar.
A cachaça de banana e o ínicio de uma história de amor bandida
O queijo-manteiga e todas as coisas que são fáceis de derreter
Lua amarela derretida
Amor amadurecendo feito amora verde que de repente preteia
A matéria com o DJ cego que ainda não saiu
O depósito que ainda não fizemos
As ideias que não anotamos
A romã que ainda não repartimos
As fotos, só as bonitas e bobas, da Praia do Sono




quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

paraíso confiado


Nós intuitivamente escolhemos o réveillon do caos. Escolhemos o embate, o desassossego, o desconforto, a urgência. Quer dizer, escolhemos uma casa azul no paraíso, de frente para o mar e com rede na varanda, mas foram quatro dias de trabalho duro. O que eu sinto é que se a gente escolheu esse destino de maneira tão harmoniosa, amorosa e confiante, esse caos era exatamente o que a gente precisava, era melhor que paraíso prometido porque era paraíso confiado.





foto: a menina Pérola confiou que ninguém tomaria a prancha de golfinho que deixara embaixo na árvore. Ela estava certa, tinha muita gente na vila aqueles dias, mas ainda assim ninguém a levou. Pelo contrário: uma mulher fez até a gentileza de lavar a prancha deixando-a ainda mais brilhosa pra Pérola jacareiar em paz