segunda-feira, 13 de maio de 2013

Jovelina Pérola Negra



Jovelina é minha bebê gata.
Ela é carioca e nasceu nas imediações de Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, nos primeiros dias de outubro de 2012.
Foi o Jota quem a trouxe para nós, de avião, em novembro do ano passado. Nós dois vimos uma foto dela no Facebook, era toda preta e tinha apenas uma pata amarela listrada.
Era feinha e tremendamente charmosa, como é até hoje.
Conseguiu embarcar no último minuto, por um tremendo esforço conjunto, e sorte. Faltavam 10 minutos para o avião sair quando a Tam liberou o Jota e a Jovi.

Desde que ela veio morar conosco, eu e ela temos passado muito tempo juntas.
À tarde eu fico observando a Jovelina e a Abacaxi dormindo. Poucas coisas tiram seu sono: o barulhinho de ração sendo despejada na tigela, uma carta enfiada no vão entre a parede e a porta, uma visita.

O Jota chama a Jovi de Dóri, por causa daquela peixinha esquecida do Nemo: é que ela parece que se esquece que já comeu, e toda vez que a gente vai para a cozinha, não importa se tenha acabado de devorar um potinho de ração, ela chora pra comer mais.
Eu resisto, mas ele sempre cede. Coloca pelo menos duas ou três bolinhas de novo.

Por outro lado, sou eu quem deixa as gatas comerem queijos, iogurte, bolo, peixe, presunto. Tudo em micro doses, e só muito de vez em quando.
Eu acredito que minhas gatas sejam mais felizes por causa dessa minha atitude indisciplinadora.
Se elas não tivessem paladar como é que se explica o fato de a Abacaxi nem ligar se tem sashimi na mesa,  e a Jovelina enlouquecer diante de cubinhos de salmão cru? Mas é a Abaca quem não pode sentir cheiro de sorvete ou iogurte e lambe o pote até não sobrar nada, já a Jovi não dá a mínima.

Jovelina é tão desencanada que dormiu nos 45 minutos de voo que separam Rio de Janeiro e São Paulo. Fato que até nos deixou um pouco preocupados.
Quando me abaixei para vê-la dentro da caixinha, tão miúda, e nos olhamos pela primeira vez, nesse instante eu a amei.

Ela é desencanada, mas é inquieta.

Durante oito dias, morou dentro da caixinha no banheiro, para a irmã Abacaxi se acostumar com a sua presença. Até o quinto dia viveu sem se queixar. No sexto dia passou a miar toda vez que escutava as nossas vozes, como quem diz já chega, quero meu espaço.

No oitavo dia saiu, deixando por vários dias no banheiro seu perfume de violeta, que se eu fosse arriscar um cheiro e uma flor seriam esses. A Jé até perguntou "nossa, que perfumado que tá o seu banheiro, o que você passou?", eu disse que era o cheiro da Jovi e ela não acreditou.

E a Pequena Gata Preta (ou Bereba, ou Minhoca Preta) deu um susto em todos nós mês passado quando estava prestes a ser castrada. Jovelina pode ter meses, ou dias de vida, nós ouvimos. No fim, graças ao deus dos felinos, foi só um engano e ela estava plenamente saudável - como mãe e pai suspeitavam desde o início. Mas por conta dessa tutameia adiamos sua castração e o que se sucedeu foi que Jovelina agora tem tetas e ao que parece está em seu primeiro cio. 

Jovelina desde sempre me pareceu habitar uma espécie de espaço zen.
Nunca respondeu às rosnadas da Abacaxi com mais rosnadas
Também não responde emocionalmente aos carinhos da irmã, que cuida dela como um mãe
Não parece se incomodar tanto com as pulgas
Jovelina está, numa nice
Ama carinho, se ela está no seu colo e você de repente para de acarinhá-la, ela levanta a cabeça e faz "éééh", pra você continuar.
Ama colo, como eu sonhei que a Abaca amasse
Abaca nunca amou, é bastante original para uma felina na maneira de demonstrar seu amor: com lambidas diárias na minha mão, na minha bochecha, no meu nariz
Eu percebo que a Jovi fica olhando pra ela de maneira esquisita, quando me lambe, como se dissesse "mas nós não fazemos isso"
Às vezes eu acho que a Abacaxi é a criança, a Jovelina é a velhinha
Às vezes eu acho que a Abacaxi precisa mais da gente do que a Jovelina


Todos os dias eu as aperto (até demais), beijo (até demais) e digo a elas o quanto eu as amo e sou feliz por viver com elas.


Jovi, obrigada por ter pego aquele voo!


foto: em primeiro plano, Jovelina; no fundo sua amiga Verônica